Os bastidores da ausência de Lula na posse de Milei

  • 05/12/2023
(Foto: Reprodução)
Como o Itamaraty, o Palácio do Planalto e a Casa Rosada entenderam os últimos movimentos dos dois presidentes, de olho na relação entre os dois países. O presidente Lula e o presidente eleito da Argentina, Javier Milei Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo; Agustin Marcarian/Reuters O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não irá a Buenos Aires para acompanhar a posse do novo presidente da Argentina, Javier Milei, no próximo domingo (10). Em seu lugar, é esperada a ida do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que chefiará a delegação do Brasil. Nem mesmo uma chamada “ESCAV”, o escalão avançado que chega à cidade dias antes e tem um staff maior, será enviada à capital argentina. O anúncio oficial ainda não aconteceu, mas não foi por acaso. Gestos e até mesmo a espera deles são calculados na diplomacia. No fim de novembro, a futura chanceler argentina, Diana Mondino, visitou o Brasil e conversou por três horas com o chanceler Mauro Vieira. No encontro, entregou uma carta de Javier Milei a Lula, com o convite para a posse e uma proposta de cooperação entre os países da América do Sul. Nos bastidores, ninguém escondeu que foi uma surpresa positiva o encontro entre os chanceleres. Na semana passada, Milei também anunciou que manterá o peronista Daniel Scioli como embaixador no Brasil. Diante das ações do novo presidente da Argentina, a expectativa de uma resposta veio. Mas o tão chamado “gesto” de Milei a Lula revelou diferentes interpretações e avaliações por parte dos dois governos brasileiro e argentino. Na avaliação de fontes ligadas à Casa Rosada, Milei começa um governo com demandas internas urgentes. O presidente eleito quer apresentar ao Congresso um “pacote de choque” na economia, que inclui reformas em leis trabalhistas e tributárias, privatização de empresas estatais e outras mudanças. “O que Milei menos quer é ter, neste momento, problemas externos. É manter como se está enquanto foca na aprovação do pacote e garante sua governabilidade”, contou uma fonte argentina em reservado. A permanência de Scioli na embaixada da Argentina no Brasil também foi resultado de um esforço político do embaixador. A construção aconteceu através de sua relação com Guillermo Francos, escolhido ministro do Interior de Javier Milei. Francos trabalhou com Daniel Scioli quando este era governador da Província de Buenos Aires. Diante dos elementos, o governo brasileiro seguiu com cautela na interpretação dos movimentos de Milei. E decidiu, como uma retribuição ao gesto argentino, enviar Mauro Vieira para a posse do novo presidente, em Buenos Aires. Lula também não esconde o incômodo com as declarações ofensivas de Milei sobre Lula durante a campanha, além da relação do presidente eleito com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que quer ir à posse acompanhado de correligionários e políticos aliados. A crença do governo brasileiro é de que o pragmatismo e os fatores internacionais e domésticos vão falar mais alto e modular a relação entre os dois países. Mesmo assim, Lula segue de olho nos futuros movimentos de Javier Milei, a partir de sua posse no dia 10 de dezembro.

FONTE: https://g1.globo.com/politica/blog/julia-duailibi/post/2023/12/05/os-bastidores-da-ausencia-de-lula-na-posse-de-milei.ghtml


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